A música irlandesa é em última análise uma cega-rega repetitiva, mas acho que toda a música popular é mais ou menos assim, tal como a literatura. Os 'bordões' e repetições eram - e são ainda, mas de outro modo - um instrumento usado para uma melhor apreensão por populações sem muitos recursos musicais e muitas vezes analfabetas. Algumas destas artes sofisticaram-se e os cultores posteriores deram-lhes as voltas que se conhecem. Os Chieftains já não são os Dubliners e os Dubliners já não são estes músicos populares que tocavam em festas e associações, assim como a Ronda dos Quatro Caminhos ou o Pedro Caldeira Cabral não são o rancho de Santa Marta de Portuzelo nem o Vitorino o Coral de Pias.
Não estou a hierarquizar, apenas penso haver uma continuidade cultural evidente, que se repete no conteúdo mas nem sempre na forma. Felizmente, para bem de todos os gostos.
E sabe que a música irlandesa - de que até gosto bastante, confesso, embora canse a certa altura - me espanta exactamente por essa falta de inesperado ao dobrar da esquina, sendo os irlandeses um povo tão criativo?
Eu penso que tem muito a ver com a história. Agarraram-se que nem uma lapa à igreja católica e à tradição para resistir aos ingleses, tudo o resto lhes passou ao lado. E o futebol também teve um papel importante nessa rejeição, e por isso os irlandeses surpreendem pelo seu fair-play e capacidade de celebrar as vitórias dos adversários. Desde que não sejam britânicos, claro.
5 comentários:
Sendo preciso, preferia perder uns quilitos com estes.
http://www.youtube.com/watch?v=JLeCLRK8Ws8
Aliás, o sapateado americano não seria o que é sem a Grande Fome irlandesa do século XIX.
http://www.youtube.com/watch?v=fYvU7oBBgKA
ML:
Pois é...
Previsível, ensaiado, tudo certinho... Uma seca!
Devo ter um ascendente negro, árabe talvez.
A música irlandesa é em última análise uma cega-rega repetitiva, mas acho que toda a música popular é mais ou menos assim, tal como a literatura. Os 'bordões' e repetições eram - e são ainda, mas de outro modo - um instrumento usado para uma melhor apreensão por populações sem muitos recursos musicais e muitas vezes analfabetas.
Algumas destas artes sofisticaram-se e os cultores posteriores deram-lhes as voltas que se conhecem. Os Chieftains já não são os Dubliners e os Dubliners já não são estes músicos populares que tocavam em festas e associações, assim como a Ronda dos Quatro Caminhos ou o Pedro Caldeira Cabral não são o rancho de Santa Marta de Portuzelo nem o Vitorino o Coral de Pias.
Não estou a hierarquizar, apenas penso haver uma continuidade cultural evidente, que se repete no conteúdo mas nem sempre na forma. Felizmente, para bem de todos os gostos.
Não é uma questão de qualidade é a falta do inesperado, do improviso, do êxtase inventivo. Basta ver as reacções dos músicos. É quase uma orgia!
E sabe que a música irlandesa - de que até gosto bastante, confesso, embora canse a certa altura - me espanta exactamente por essa falta de inesperado ao dobrar da esquina, sendo os irlandeses um povo tão criativo?
Eu penso que tem muito a ver com a história. Agarraram-se que nem uma lapa à igreja católica e à tradição para resistir aos ingleses, tudo o resto lhes passou ao lado. E o futebol também teve um papel importante nessa rejeição, e por isso os irlandeses surpreendem pelo seu fair-play e capacidade de celebrar as vitórias dos adversários. Desde que não sejam britânicos, claro.
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