O Jô lembrava noutro dia, no programa da noite, o que o Tom Jobim dizia sobre a diferença entre morar nos States e no Brasil: "Morar nos Estados Unidos é uma maravilha - mas é uma merda!; morar no Brasil é uma merda - mas é uma maravilha!". Talvez, ml, se se deixar entranhar, fisicamente ou pela imaginação, pela Bahia, pelo Rio, por Itapuã, eu sei lá, entre nessa maravilha que é a bossa. O Sinatra entrou e, olhe, foi a sorte dele...
Meu caro Joaquim Simões, já vai tarde. É mesmo uma questão de ritmo biológico, acho. Não é por acaso que o Sinatra, apesar de ser 'the Voice' e tudo o resto, não anda longe da bossa nos meus gostos.
Caros ML & Joaquim Simões. Nunca pus os pés no Brasil. Não me faltam convites, pois tenho amigos em Florianópolis e S. Paulo. Nunca fui porque, estou certo, não voltaria e tal não me dava muito jeito.:o) Mas a bossa é outro assunto. É universal. Talvez o maior contributo que algum povo deu à música, na modernidade. Contaminou, irremediavelmente, toda a música ligeira e predominantemente o jazz. É África, com toda a sua métrica e rítmo, refundida no latinismo brasileiro e reinjectada com a África do jazz e blues, da música sincopada. Uma espécie de auto-sangue que inundou corações em todo o planeta, até mesmo no oriente. Do outro lado ficou o 2x4 da marcha, do rock, do pop, do folk, enfim da música de raiz europeia. Estar, de alma e corpo, nestes dois mundos, não é fácil.
Não se trata de injustiça, indiferença pelas qualidades, má-vontade, nada disso. É como nas relações afectivas, quando não dá, não dá. E com a bossa não há clique, nem corpo nem alma e só o cérebro não basta.
Já nem me atrevo sequer a dizer que o fado também não me fala muito ao ouvido. Gosto de alguns cantares, um deles por acaso até é o Carlos do Carmo, mas do fado em abstracto, nem por isso.
Sou uma péssima portuguesa. Fado, Fátima e faenas, nicles. E digo eu que me considero 'nacionalista'... :P
Pois, o boi também é gente. Tive um professor inglês que dizia não perder a esperança de um dia ver touro sentado na bancada. Era um curso para alunos estrangeiros, os portugueses aplaudiram, os espanhóis franziram o sobrolho, os outros parece-me que não entenderam completamente a piada.
Andam por aí agora umas vozes de fado muito bonitas que já não cantam aquelas desgraceiras de faca na liga, mas a Amália ainda faz sombra. Era uma força da natureza.
10 comentários:
Sou muito insensata.
Nadinha, ML? Não sabe o que perde...
;D
Saber, sei, perco é na mesma.
Bossa é que não mesmo.
O Jô lembrava noutro dia, no programa da noite, o que o Tom Jobim dizia sobre a diferença entre morar nos States e no Brasil: "Morar nos Estados Unidos é uma maravilha - mas é uma merda!; morar no Brasil é uma merda - mas é uma maravilha!". Talvez, ml, se se deixar entranhar, fisicamente ou pela imaginação, pela Bahia, pelo Rio, por Itapuã, eu sei lá, entre nessa maravilha que é a bossa. O Sinatra entrou e, olhe, foi a sorte dele...
Meu caro Joaquim Simões, já vai tarde. É mesmo uma questão de ritmo biológico, acho. Não é por acaso que o Sinatra, apesar de ser 'the Voice' e tudo o resto, não anda longe da bossa nos meus gostos.
Caros ML & Joaquim Simões.
Nunca pus os pés no Brasil. Não me faltam convites, pois tenho amigos em Florianópolis e S. Paulo. Nunca fui porque, estou certo, não voltaria e tal não me dava muito jeito.:o)
Mas a bossa é outro assunto. É universal. Talvez o maior contributo que algum povo deu à música, na modernidade. Contaminou, irremediavelmente, toda a música ligeira e predominantemente o jazz. É África, com toda a sua métrica e rítmo, refundida no latinismo brasileiro e reinjectada com a África do jazz e blues, da música sincopada. Uma espécie de auto-sangue que inundou corações em todo o planeta, até mesmo no oriente.
Do outro lado ficou o 2x4 da marcha, do rock, do pop, do folk, enfim da música de raiz europeia.
Estar, de alma e corpo, nestes dois mundos, não é fácil.
ml:
Não seja injusta, vá lá! Olhe, o Carlos do Carmo diz, a quem quer aprender a cantar, que ouça o Sinatra, porque «está lá tudo».
Eurico Moura:
De acordo.
Eurico e Joaquim Simões
Não se trata de injustiça, indiferença pelas qualidades, má-vontade, nada disso. É como nas relações afectivas, quando não dá, não dá. E com a bossa não há clique, nem corpo nem alma e só o cérebro não basta.
Já nem me atrevo sequer a dizer que o fado também não me fala muito ao ouvido. Gosto de alguns cantares, um deles por acaso até é o Carlos do Carmo, mas do fado em abstracto, nem por isso.
Sou uma péssima portuguesa. Fado, Fátima e faenas, nicles. E digo eu que me considero 'nacionalista'... :P
ML:
Fado também não é o meu fado. Mas esta regra tem excepções pontuais:
http://www.youtube.com/watch?v=kUph1AIbPVg
Quanto a Fátima e faenas já deve ter percebido que estou do lado do boi.
Pois, o boi também é gente.
Tive um professor inglês que dizia não perder a esperança de um dia ver touro sentado na bancada.
Era um curso para alunos estrangeiros, os portugueses aplaudiram, os espanhóis franziram o sobrolho, os outros parece-me que não entenderam completamente a piada.
Andam por aí agora umas vozes de fado muito bonitas que já não cantam aquelas desgraceiras de faca na liga, mas a Amália ainda faz sombra. Era uma força da natureza.
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