Do Carlos Santana gosto muito do primeiro trabalho o álbum Abraxas. Depois fez coisas interessantes mas deixei de acompanhar o comercialismo dos últimos álbuns. Mas é um musico de peso e merece muito respeito.
O Carlos Santana quando se põe com salsas, maracas, sambas e outras latinices, brrrrrrrrr..., até consegue pôr o Eric Clapton de calções em palco para condizer. É verdade que o ritmo latino está quase sempre presente, mesmo em composições mais bluesy e jazzy, mas num registo estilizado que nada tem a ver com aqueles inenarráveis corazons qq coisa.
Deixe lá que este só toca guitarra, o Mick Jagger é muito mais velho e corre e salta como se fosse tirar o pai da forca. O homem deve tomar litros de Red Bull ;) antes de entrar em palco.
ML:O Carlos Santana quando se põe com salsas, maracas, sambas e outras latinices, brrrrrrrrr...,
Este comentário poderá parecer tardio e, por certo o é. No entanto a sua frase ficou a martelar-me o bestunto e passo a explicar: Também eu era altamente alérgico às maracas, castanholas, mangas de folhos, mariachis, tangos, rumbas e Carmens Mirandas e outras espanholadas e latinices que nos eram impingidas pela cinematografia rasca de Holywood e, por arrasto e não só, pela RTP da minha adolescência. Ouvia uma castanhola e off. Cantava a Amália (são os caracois...) e eu off. Carlos Gardel chorava os amores perdidos e eu off. Etc. Foi através do jazz e da clássica e dos inúmeros músicos que incorporaram nos seus sons as latinices odiadas, que minha sensibilidade foi alertada para a riqueza rítmica, harmónica e melódica da musica cubana, argentina, porto riquenha, enfim da Sud América e mesmo de nuestros hermanos e seu flamenco. Podia citar dezenas de nomes de músicos que me deram uma outra visão desse mundo: Chic Corea vêm-me sempre à cabeça e Carlos Santana, noutro registo, também. Charles Lloyd, Sonny Rollins... Estarei eternamente grato a estes músicos e às outras dezenas que me liberto de citar. Penso que o rock, que formatou as cabeças de uma geração, tem uma grande responsabilidade pelos anti corpos que criou e por ter habituado os ouvidos de tantos a uma música pobre de harmonia e de ritmo. Martelar um ritmo 2x4 empobrece a nossa capacidade de dançar, por dentro, ao som poliritmado e complexo de uma salsa ou de uma rumba.
Essa do off, ta uma delicia!!! :) Contudo recordo aqui um nome que muito contribui-o para essa fusão de sons entre musica cubana/latina e Jazz, que foi o grande Tito Puente.
Talvez seja como diz, Eurico, mas então parece não haver muito a fazer, a formatação da geração roqueira acabou há muito. Agora no máximo há acertos.
Acho que o meu caso e o de muita gente não é bem esse, nem é tão linear assim. Há uma parte considerável que não depende da aprendizagem ou da cultura do gosto. Em casa dos meus pais havia uma grande variedade de música, desde clássica à ligeira, e um dos discos, um 78 rotações que se perdeu, era de uns tais ‘Quates de Castilla’, mexicanos. Provavelmente eles nem seriam nada de especial, a esta distância é impossível reapreciar, o que me ficou foi o prazer com que os ouvia e com que ainda hoje ouço mariachi. Por outro lado havia também música brasileira, desde canções como ‘A noite do meu bem’ a sambas. Não pegou, nunca gostei e da Carmen Miranda e das frutas na cabeça muito menos.
A sinfonia que mais gosto ouvir é a 5ª do Beethoven. Não sei se é a mais perfeita ou não, é a que a mim mais prazer me dá. Foi a primeira que conheci e que passei a ouvir vezes sem conta em pequena e isso certamente tem peso. Tive aulas de piano durante uns anitos. Hoje já pouco sei, mas o piano continua a ser um dos meus instrumentos preferidos. Flamenco e castanholas... adoro. Ainda deve andar lá por casa um par que uma vez me trouxeram de Espanha, pretas e pintadas a relevo, uma pequena maravilha. Fiquei encantada com o ‘Buenavista Social Club’. Quer isso dizer que gosto de toda a música cubana? Nah, Ibrahim Ferrer e boleros, nem pensar.
Portanto concordo, somos em parte forma(ta)dos pelo que ouvimos, mas acho que a parte de leão é escolha nossa e tem a ver com as nossas inclinações, inatas. No meu caso, sem sombra de dúvida. Fui exposta desde cedo a grande variedade de ritmos e sonoridades e o que predomina é o que se sabe. As latinices das palmeiras, maracas e cocktails de chapeuzinho colorido ficaram mesmo de fora, com algumas raras excepções.
Não sei se o jazz poderia fazer alguma coisa por isto. Até agora, nem por ele pp fez. Talvez fosse um processo simultâneo, como diz, mas teria que partir de dentro, o que não acontece.
Claro! Tito Poente e ainda grandes percussionistas como Don Alias que tocou com um enorme talento com quase todos http://www.drummerworld.com/drummers/Don_Alias.html
Mas ML, eu não acredito muito na genética musical. Claro que há duros de ouvido mas creio que os nossos gostos musicais são originários, quando muito, na vida uterina mas, sobretudo, pela cultura em que fomos criados. às vezes basta aquele amigo que nos mostrou um caminho diferente. Ainda hoje tenho amigos que reconhecem que fui eu que os fiz gostar de jazz... Por vezes são preconceitos que nos afastam de uma ou outra opção. Quantos rejeitam a música clássica ou o jaz porque pensam que é música para snobs?
Não sei que lhe diga, mas acho que não é bem o meu caso ou então não percebo nada de formação/educação.
Eu gosto, de um modo geral, de quase todo o género de música - tirando um ou outro já falado -, não gosto é de todos os exemplares de todos os géneros. E tenho o que sempre me lembro de ter tido, uma forte propensão para música 'mexida' e rejeição à partida de música 'lenta'. 'Xlows', como dizia um amigo meu da zona de Viseu.
Há muitíssimas excepções para um lado e para outro, mas genericamente é assim.
Vê? E ainda diz que não é inato. A minha última ideia de férias é um paraíso tropical. E já vivi em África, que adorei, mas sem essa perspectiva de andar na rota do sol.
14 comentários:
Do Carlos Santana gosto muito do primeiro trabalho o álbum Abraxas. Depois fez coisas interessantes mas deixei de acompanhar o comercialismo dos últimos álbuns. Mas é um musico de peso e merece muito respeito.
O Carlos Santana quando se põe com salsas, maracas, sambas e outras latinices, brrrrrrrrr..., até consegue pôr o Eric Clapton de calções em palco para condizer. É verdade que o ritmo latino está quase sempre presente, mesmo em composições mais bluesy e jazzy, mas num registo estilizado que nada tem a ver com aqueles inenarráveis corazons qq coisa.
Um jovem da minha idade
Deixe lá que este só toca guitarra, o Mick Jagger é muito mais velho e corre e salta como se fosse tirar o pai da forca. O homem deve tomar litros de Red Bull ;) antes de entrar em palco.
DEVE SER MAIS RED BULL WHITE POWDER!
ML:O Carlos Santana quando se põe com salsas, maracas, sambas e outras latinices, brrrrrrrrr...,
Este comentário poderá parecer tardio e, por certo o é. No entanto a sua frase ficou a martelar-me o bestunto e passo a explicar:
Também eu era altamente alérgico às maracas, castanholas, mangas de folhos, mariachis, tangos, rumbas e Carmens Mirandas e outras espanholadas e latinices que nos eram impingidas pela cinematografia rasca de Holywood e, por arrasto e não só, pela RTP da minha adolescência. Ouvia uma castanhola e off. Cantava a Amália (são os caracois...) e eu off. Carlos Gardel chorava os amores perdidos e eu off. Etc.
Foi através do jazz e da clássica e dos inúmeros músicos que incorporaram nos seus sons as latinices odiadas, que minha sensibilidade foi alertada para a riqueza rítmica, harmónica e melódica da musica cubana, argentina, porto riquenha, enfim da Sud América e mesmo de nuestros hermanos e seu flamenco.
Podia citar dezenas de nomes de músicos que me deram uma outra visão desse mundo: Chic Corea vêm-me sempre à cabeça e Carlos Santana, noutro registo, também. Charles Lloyd, Sonny Rollins...
Estarei eternamente grato a estes músicos e às outras dezenas que me liberto de citar.
Penso que o rock, que formatou as cabeças de uma geração, tem uma grande responsabilidade pelos anti corpos que criou e por ter habituado os ouvidos de tantos a uma música pobre de harmonia e de ritmo. Martelar um ritmo 2x4 empobrece a nossa capacidade de dançar, por dentro, ao som poliritmado e complexo de uma salsa ou de uma rumba.
Essa do off, ta uma delicia!!! :)
Contudo recordo aqui um nome que muito contribui-o para essa fusão de sons entre musica cubana/latina e Jazz, que foi o grande Tito Puente.
Esqueci-me do link
http://www.youtube.com/watch?v=Lj_XxBKG53g
Talvez seja como diz, Eurico, mas então parece não haver muito a fazer, a formatação da geração roqueira acabou há muito. Agora no máximo há acertos.
Acho que o meu caso e o de muita gente não é bem esse, nem é tão linear assim. Há uma parte considerável que não depende da aprendizagem ou da cultura do gosto.
Em casa dos meus pais havia uma grande variedade de música, desde clássica à ligeira, e um dos discos, um 78 rotações que se perdeu, era de uns tais ‘Quates de Castilla’, mexicanos. Provavelmente eles nem seriam nada de especial, a esta distância é impossível reapreciar, o que me ficou foi o prazer com que os ouvia e com que ainda hoje ouço mariachi.
Por outro lado havia também música brasileira, desde canções como ‘A noite do meu bem’ a sambas. Não pegou, nunca gostei e da Carmen Miranda e das frutas na cabeça muito menos.
A sinfonia que mais gosto ouvir é a 5ª do Beethoven. Não sei se é a mais perfeita ou não, é a que a mim mais prazer me dá. Foi a primeira que conheci e que passei a ouvir vezes sem conta em pequena e isso certamente tem peso.
Tive aulas de piano durante uns anitos. Hoje já pouco sei, mas o piano continua a ser um dos meus instrumentos preferidos.
Flamenco e castanholas... adoro. Ainda deve andar lá por casa um par que uma vez me trouxeram de Espanha, pretas e pintadas a relevo, uma pequena maravilha.
Fiquei encantada com o ‘Buenavista Social Club’. Quer isso dizer que gosto de toda a música cubana? Nah, Ibrahim Ferrer e boleros, nem pensar.
Portanto concordo, somos em parte forma(ta)dos pelo que ouvimos, mas acho que a parte de leão é escolha nossa e tem a ver com as nossas inclinações, inatas. No meu caso, sem sombra de dúvida. Fui exposta desde cedo a grande variedade de ritmos e sonoridades e o que predomina é o que se sabe. As latinices das palmeiras, maracas e cocktails de chapeuzinho colorido ficaram mesmo de fora, com algumas raras excepções.
Não sei se o jazz poderia fazer alguma coisa por isto. Até agora, nem por ele pp fez.
Talvez fosse um processo simultâneo, como diz, mas teria que partir de dentro, o que não acontece.
Ai o Tito Puente, Rafael. ;)
Estou a ver uma palmeirita ali por trás... :)
ml eu concordo com tudo o que vocês, dizem e escrevem, ate pareço um maluquinho de tanto rir!!!!
Claro! Tito Poente e ainda grandes percussionistas como Don Alias que tocou com um enorme talento com quase todos http://www.drummerworld.com/drummers/Don_Alias.html
Mas ML, eu não acredito muito na genética musical. Claro que há duros de ouvido mas creio que os nossos gostos musicais são originários, quando muito, na vida uterina mas, sobretudo, pela cultura em que fomos criados. às vezes basta aquele amigo que nos mostrou um caminho diferente. Ainda hoje tenho amigos que reconhecem que fui eu que os fiz gostar de jazz...
Por vezes são preconceitos que nos afastam de uma ou outra opção. Quantos rejeitam a música clássica ou o jaz porque pensam que é música para snobs?
Hummm...
Adoro palmeiras, junto ao mar, com uma bela salsa ao fundo...
Quero já, aqui! :o))
Não sei que lhe diga, mas acho que não é bem o meu caso ou então não percebo nada de formação/educação.
Eu gosto, de um modo geral, de quase todo o género de música - tirando um ou outro já falado -, não gosto é de todos os exemplares de todos os géneros. E tenho o que sempre me lembro de ter tido, uma forte propensão para música 'mexida' e rejeição à partida de música 'lenta'. 'Xlows', como dizia um amigo meu da zona de Viseu.
Há muitíssimas excepções para um lado e para outro, mas genericamente é assim.
Vê?
E ainda diz que não é inato.
A minha última ideia de férias é um paraíso tropical. E já vivi em África, que adorei, mas sem essa perspectiva de andar na rota do sol.
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